A doença de Parkinson é uma condição neurológica progressiva que afeta milhões de pessoas em todo o mundo! Caracterizada, principalmente, pela perda de neurônios produtores de dopamina no cérebro, ela se manifesta através de uma variedade de sintomas motores e não motores que evoluem ao longo do tempo.
Compreender as diferentes fases do Parkinson é crucial não apenas para os indivíduos diagnosticados, mas também para seus familiares e cuidadores, permitindo um manejo mais eficaz da doença e a implementação de adaptações necessárias para manter a qualidade de vida.
É por isso que, no artigo de hoje, preparamos um guia completo sobre tudo o que você, cuidador e familiar precisa saber pós diagnóstico.
O que é a doença de Parkinson?
O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta primariamente as células nervosas (neurônios) em uma parte do cérebro chamada substância negra. Esses neurônios são responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos, além de desempenhar papéis em outras funções como humor, motivação e aprendizado.
A perda progressiva desses neurônios leva à diminuição dos níveis de dopamina, resultando nos sintomas característicos da doença, como tremor em repouso, rigidez muscular, lentidão dos movimentos (bradicinesia) e problemas de equilíbrio (instabilidade postural).
– As diferentes fases do Parkinson
A progressão do Parkinson é tipicamente dividida em diferentes fases, frequentemente utilizando a escala de Hoehn e Yahr como referência. Essa escala descreve a evolução da doença em cinco estágios, que nos ajudam a entender as particularidades de cada momento e as adaptações que se tornam importantes.
Fase Inicial – Estágio 1 e 2 de Hoehn e Yahr
Nesta fase, os sintomas do Parkinson são geralmente leves e podem ser facilmente atribuídos ao processo natural de envelhecimento. Aqui, a doença começa unilateral (atinge apenas um dos lados do corpo) e evolui para bilateral, mas sem prejudicar o equilíbrio.
Dentre os principais sintomas, é possível citar:
- Tremor, frequentemente presente em uma das mãos, braços ou pernas, especialmente em repouso.
- Sensação de rigidez ou dificuldade em movimentar um membro ou parte do corpo.
- Lentidão na iniciação e execução dos movimentos, também conhecida como bradicinesia, tornando tarefas cotidianas mais demoradas.
- Pequenas mudanças na postura, como uma leve inclinação para frente, ou sutis alterações na forma de caminhar.
- Questões não motoras, tais quais: perda do olfato (anosmia), distúrbios do sono (insônia, despertar precoce), constipação e alterações no humor (depressão, ansiedade).
Nesse primeiro momento, consultar um neurologista especialista em Parkinson é fundamental para um diagnóstico preciso (e precoce) e o início do tratamento adequado.
Além disso, a prática regular de atividades físicas, como caminhada, natação e exercícios específicos de fisioterapia, ajudam a manter a mobilidade, força muscular e equilíbrio.
Um terapeuta ocupacional também pode ser importante, pois o mesmo pode oferecer estratégias para facilitar as atividades da vida diária, como vestir-se, alimentar-se e tomar banho. Inclusive, o suporte de psicólogos ou grupos de apoio pode ser valioso para lidar com o impacto emocional do diagnóstico.
Fase Intermediária – Estágio 3 de Hoehn e Yahr
À medida que a doença progride para a fase intermediária, os sintomas motores se tornam mais pronunciados, afetando ambos os lados do corpo, e o paciente já apresenta prejuízos no equilíbrio. Inclusive, por conta dessa instabilidade postural, o risco de quedas é aumentado!
Aqui, a dificuldade em articular as palavras, tornando a fala menos clara, e a dificuldade em engolir, o que pode levar a engasgos e risco de aspiração, se tornam presentes também.
De acordo com a escala, idosos nesse estágio da doença ainda tem capacidade para viver independente, mas é preciso atenção em algumas questões, como:
- Ajustes na medicação: o neurologista pode ajustar a dose ou o tipo de medicação para controlar os sintomas de forma mais eficaz.
- Dispositivos de auxílio para mobilidade: o uso de bengalas, andadores ou outros dispositivos pode ser necessário para auxiliar na locomoção e prevenir quedas.
- Terapia da fala e ocupacional: a terapia da fala pode ajudar a melhorar a comunicação e a deglutição, enquanto a terapia ocupacional pode fornecer estratégias para manter a independência nas atividades diárias.
- Adaptações no ambiente doméstico: realizar modificações na casa, como instalar barras de apoio, remover tapetes soltos e melhorar a iluminação, pode reduzir o risco de quedas.
Fase Avançada – Estágio 4 e 5 de Hoehn e Yahr
Na fase avançada do Parkinson, a limitação da mobilidade se torna significativa, impactando profundamente a autonomia do indivíduo. Muitas atividades, como vestir-se, tomar banho e alimentar-se, exigem assistência.
Aqui, a capacidade de andar pode ser muito limitada, exigindo o uso de cadeira de rodas ou acamamento. Os movimentos se tornam muito lentos e a rigidez muscular pode causar desconforto.
A comunicação pode ser muito difícil e o risco de aspiração durante a alimentação aumenta. Demência, alucinações, delírios, depressão e outros sintomas não motores podem se tornar mais proeminentes e desafiadores de manejar.
Nesse momento, algumas adaptações e cuidados são necessários. São eles:
- Cuidados paliativos e foco no conforto: o objetivo principal do tratamento pode se concentrar no alívio dos sintomas, na prevenção de complicações e na melhoria da qualidade de vida.
- Suporte intensivo de cuidadores e familiares: a assistência integral é essencial para atender às necessidades do paciente.
- Adaptações significativas no ambiente: garantir um ambiente seguro e acessível, com equipamentos adequados como camas articuladas e elevadores de pacientes, pode ser necessário.
- Comunicação alternativa: explorar métodos de comunicação não verbal, como quadros de comunicação ou dispositivos eletrônicos.
- Suporte nutricional adequado: garantir uma alimentação segura e nutritiva, possivelmente com a ajuda de um nutricionista e adaptações na consistência dos alimentos.
- Manejo de complicações: tratamento das complicações não motoras, como demência e sintomas psicóticos, com a colaboração de especialistas.
Em todas as fases do Parkinson, uma abordagem multidisciplinar é fundamental para otimizar o cuidado. Uma equipe de profissionais de saúde, incluindo neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, pode oferecer um suporte abrangente e personalizado, abordando tanto os sintomas motores quanto os não motores e as necessidades emocionais e sociais do paciente e de seus familiares.